Desde o princípio ao fim diverti-me bastante e só tenho pena de não ter decicido participar numa prova destas mais cedo, porque todo o ambiente foi realmente fantástico. Neste particular tenho a agradecer ao Rui Pena que me convenceu!
Cheguei relativamente cedo ao Parque da Cidade da Póvoa onde ainda estavam a finalizar a montagem de toda a estrutura de apoio ao Duatlo.
Assim fui dos primeiros a levantar o dorsal e logo ali encontrei o Henrique do Clube Veteranos do Porto detentor de um currículo extraordinário e que seria a pessoa ideal para ir pedindo algumas dicas e conselhos!
Logo de seguida tive o prazer de conhecer o Melo do blog O Caminho para Ironman. Trata-se de um verdadeiro blog na medida em que regista diariamente a sua evolução nas braçadas, passadas e pedaladas que vai dando até chegar ao seu objectivo final: concluir um Homem de Ferro. As maiores felicidades para ele!
Ainda faltava algum tempo e fui preparar a minha humilde bicicleta. Apesar de estar em excelente estado (fruto do pouco uso que lhe dei desde que a adquiri há cerca de 7 anos) não era (segundo vim a perceber mais tarde) a bicicleta mais adequada para BTT.
Sem amortecedores, com a roda de trás um pouco empenada,fazendo com que a bicicleta trave por si só e com a forqueta montada de uma forma que eu não consigo descrever (talvez depois tire uma foto para mostrar aqui) tentei protelar ao máximo o momento em que teria de a retirar da mala do carro.
Mas lá teve de ser...:D
Logo descobri outro defeito que foi o de ter vindo a pedalar nesta bicicleta com o selim numa altura completamente desajustada. Em termos de bicicleta os treinos que tenho feito são de spinning num ginásio. Treinos de bike em estrada foram nulos e neste aspecto acho que posso deitar culpas ao clima que toda a gente concordará.
Tentei ajustar a altura, mas o parafuso do selim não estava bem apertado o que fazia com que o mesmo fosse sempre para baixo. Localizei então novamente o Henrique que me aconselhou a ir procurar o Paulo Neves também do CVP (até ontem meu amigo virtual) e também um autêntico ciclista, aliás como todos eles! Claro que fiquei logo ali com o meu problema resolvido no que à altura do selim diz respeito. Obrigado ao Paulo Neves pela simpatia.
Encontrei depois alguns dos meus habituais companheiros de provas de corrida o Miguel Paiva, o Pedro Paiva (irmão do Miguel e que hoje também fez uma grande estreia), o Rui Pena, o Miguel Torres e o João Fernandes
A prova atrasou-se bastante e fomos conversando enquanto fazíamos o aquecimento. Quando começamos a ouvir o anúncio de preparação para a partida lá nos encaminhamos para o local, mas tal era a descontração dos cerca de 120 atletas que ninguém diria que iria existir uma competição.
De repente e para minha surpresa começa toda a gente a correr. Não ouvi tiro de partida nem nada. Foi uma largada um pouco atribulada, mas pelos vistos fomos todos surpreendidos menos os que estavam na frente talvez.
Sabedor do meu handicap no BTT tentei dar o máximo na corrida. O Pena disse-me que o seu objectivo seria alcançar-me durante a bicicleta e eu iria tentar fugir dele! :D
Foram duas voltas dentro do Parque da Cidade que completei em aprox. 18m35s para 4900 metros. Presumo ter chegado relativamente bem classificado ao Parque de Transição, mas a partir daí seria uma incógnita.
Antes da prova a organização avisou que o percurso era plano e que seria feito em zonas massacradas pelos pneus dos tractores. Não seria muito mau. Já tinha feito no passado passeios em BTT embora de pouca distância, isto é, meia dúzia de Kms...
Voltando à prova e iniciado o segmento do BTT (18700m) o primeiro Km foi em estrada de paralelo, mas logo ali comecei a ser ultrapassado e ainda tentei seguir com eles, mas era nitidamente impossível. Entramos depois nos trilhos paralelos à auto-estrada e ali o terreno já era um pouco mais traiçoeiro pensava eu para mim mesmo, mas a adrenalina impelia-me a avançar e para mim aquilo era velocidade qb
Depois começamos a entrar por caminhos em cada vez pior estado e eu só via toda a gente a passar por mim de "mota".
Confesso que até abrandava para não atrapalhar o caminho.
E assim lá fui passado primeiro pelo João Speedy Fernandez que nem me viu. Ainda assim ainda tinha alguma energia para seguir na cola dos que me iam passando durante algumas dezenas de metros.
O percurso esse ficava cada vez pior, mas honestamente estava a divertir-me bastante aquela lama toda. Acho que para ser perfeito só faltou ter caído uma valente carga de agua. Eh eh
Depois fui alcançado pelo Rui Pena e pelo Miguel Torres acho que ainda durante a primeira volta e que me deram força, mas era francamente impossível ir com eles mais que algumas centenas de metros. Nunca olhei para o relógio. Só pedalava e desviava-me dos obstáculos e apenas tive noção da distãncia quando terminou a primeira volta que consegui completar sem ter sido necessário desmontar da bicicleta.
Nessa altura tinha os braços em fanicos por causa da trepidação constante e comecei a acusar a falta de pedalada, mas no fundo também não queria que aquilo acabasse tão depressa!
2a volta pelo mesmo caminho mas as forças já começavam a faltar. Abrandei e comi uma barrita de cereais que acabou por me dar alguma energia.
O terreno já estava mais mastigado pela passagem das bikes e houve fases em que tive de desmontar. Numa determinada zona forcei um pouco e ...22 anos depois (mais coisa menos coisa)... voltei a dar um malho de bicicleta!
Mas foi um Senhor TRALHO! Daqueles de voar por cima da bicicleta! Eheh ! Fantástico! A minha sorte é que aquilo era terra fofa e não deu para magoar a sério. Levantei-me e continuei a minha vida. Perdi o atleta que ia à minha frente e com ele a minha referência, porque é sempre mais fácil seguir atrás de algue´m embora todo o percusrso estivesse impecavelmente sinalizado.
A verdade é que um pouco mais à frente e sem perceber como dei comigo numa encruzilhada que não estava sinalizada....olho para trás e não vejo ninguém ....estava mesmo a decidir-me por um dos caminhos quando volto a olhar para trás e vejo dois atletas a passar (um dos quais seria o Miguel Paiva). Voltei para trás e retomei o caminho correcto, mas já sem pernas para encetar qualquer recuperação. Quase o terminar o BTT ainda tive tempo para mandar outro espalhanço mas esse não foi nada de espectacular e doeu mesmo.
Entrei no PT para a segunda parte do segmente de corrida e os primeiro metros custaram um pouco.Ainda terei ultrapassado 2 ou 3 atletas e tive o Miguel em linha de mira mas já não dava para alcança-lo. Terminei satisfeito em 67º lugar entre 112 chegados à meta.
Resultados aqui
Concluindo: fiquei fan deste desporto e tenciono repetir logo que possível e de preferência com mais treino de bicicleta. Estou com uma sensação idêntica à que tive logo a seguir à primeira Meia Maratona em que participei. Na altura só tive coragem de voltar a entrar noutra Meia cerca de 3 meses depois.
Ou seja, ganhei algum respeito ao Duatlo e da próxima vez quero fazê-lo com um pouco mais de segurança, embora me tenha divertido bastante volto a dizê-lo.
Uma palavra final para a bicicleta que resistiu a este tratamento. Ainda vou avaliar os estragos, mas serviu bem para este propósito!
Bons treinos e Até Paris!